É natal porque...
Existe a nossa Popota....
A prova científica de que todas aquelas pessoas que me intitulam de Autista, afinal podem ter o seu ponto de razão...
Ou Ou Ou…
Bem meus caros leitores. Chegou o natal!
Pois é, mais um ano está a chegar ao fim, a quadra natalícia que marca esse término esta mesmo a porta. E eu já dei por ela…
Mas eu dei por ela, não só por um sentimento especial que me englobou e que toda a gente fala, mas porque pura e simplesmente vivo em Portugal e o natal pode ser percebido um pouco assim:
À mais de um mês que ando em jantares de natal; Toda a gente come nesta altura dassss… Chegando ao ponto de já ter jantares de Natal depois do Natal, mas pronto até não e mau de todo.
O típico comportamento do português, este ano chega mais cedo, ou seja, uma carrada de mensagens para o telemóvel de bom natal, onde parece haver nos inconscientes de todos nós a necessidade de ser diferente de todos os outros que mandam as mesmas mensagens, mas no fim de contas somos apenas mais um “portuga” a cumprir com a tradição.
Toda a gente se repete, “tudo de bom para ti e para os teus”, mesmo quando nem sequer sabem quem esses!
Não posso nunca esquecer, as televisões a marcarem a data, meus amigos eu sou tempo em que havia um único Natal dos Hospitais. Isto agora é pior que a gripe das aves. Não censurando contudo que o motivo pelo qual eles se realizam, tenta passar a imagem de ser nobre. (Ao que eu repenso, então se é nobre porque uma luta pelas melhores bandas e cantores!? Será por causa das audiências e consequentemente do respeito encaixe financeiro!?? Nãooooo, é mesmo um acto nobre!!!)
Outro aspecto, em que denoto que é natal, têm um maior reforço quando passo junto a um “xops”, bem isto para país em crise anda com um movimento de super potência mundial. Pronto, não quero mesmo ir por aí senão não sairia certamente deste tópico, porque “muita confusão” me dá este comportamento, e afinal de contas é Natal.
E óbvio, chegou o natal porque finalmente vou passar uma semana nem um único trabalho da faculdade para fazer…isso sim é uma boa prenda!
Mas pronto, o Natal esta aí e vai durar muitos mais anos que qualquer um de nós ...
Mas atenção, não quero contudo que fiquem com a impressão que sou daqueles que fica todo deprimido no natal, isso não, jamais em tempo algum. Fico feliz.
Sendo certo que nos meus tempos de infância era um completo fanático pelo natal, chegando ao ponto de ficar uma tarde inteira a fazer uma árvore de natal. Actualmente já não vivo com tanta intensidade, com a alegria de uma criança, mas o natal é e será sempre uma época de alegria para mim, quanto mais não seja por ser a altura do ano em que vejo mais pessoas parecidas comigo, com uma alegria natural. Até porque a fase da estupidez já fez o favor de me deixar.
Enfim…já ando aqui a divagar e a minha linda sobrinha já chegou, sendo que o objectivo era só mesmo fazer um simples coment de bom natal para todos aqueles que o meu coração abrange, cá vai…
Sendo eu um simples tuga:
“Um bom natal para ti e para os teus, com tudo de bom, e principalmente com muita saúde. E boas entradas se a gente não se vir até lá”
ehehehehe….
Porque o autismo existe…
Porque a diferença existe...
Ser diferente, não é ser melhor ou pior…
Ser diferente é apenas ser diferente…
Temos de estar sensíveis para a diferença…
A palavra "autismo" foi cunhada por Eugene Bleuler, em 1911, para descrever um sintoma da Esquizofrenia que definiu como sendo uma "fuga da realidade". Kanner e Asperger usaram a palavra para dar nome aos sintomas que observavam nos seus pacientes.
Características do autismo
Dificuldade na interacção social:
Prejuízos na comunicação:
Há alguns anos, as alterações de linguagem apresentadas por autistas foram consideradas apenas uma característica do transtorno, porém, actualmente as questões de linguagem são consideradas como um dos principais problemas do Autismo.
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e actividades:
Estou livre. Saí da prisão, a minha mulher desapareceu em circunstâncias misteriosas, não tenho um horário fixo para trabalhar, não tenho problemas de relacionamento, sou rico e famoso, e se, de facto Esther me abandonou, encontrarei rapidamente alguém para a substituir. Sou livre e independente.
Mas o que é a liberdade?
Passei grande parte da minha vida a ser escravo de alguma coisa, portanto devia compreender o significado desta palavra. Desde criança lutei contra os meus pais, que queriam que fosse eu engenheiro em vez de escritor. Lutei contra os meus amigos no colégio, que logo no início me escolheram para ser a vítima das suas brincadeiras perversas, e só depois de muito sangue correr do meu nariz e dos deles, só depois de muitas tardes em que tive de esconder da minha mãe as cicatrizes – porque tinha de ser eu a resolver os meus problemas, e não ela – consegui mostrar que podia levar uma sova sem chorar. Lutei para arranjar um emprego que me sustentasse, fui trabalhar como distribuidor numa loja de ferragens, para ficar livre da famosa chantagem familiar: “Nós damos-te dinheiro, mas tu tens de fazer isto e aquilo.”
Lutei – embora sem qualquer resultado – pela rapariga que amava na adolescência, que também me amava; ela acabou por me deixar porque os pais dela a convenceram de que eu não tinha futuro.
Lutei contra o ambiente hostil do jornalismo, o meu emprego seguinte, onde o patrão me deixou três horas à espera, e só me deu alguma atenção quando comecei a rasgar em pedaços o livro que ele estava a ler: ele olhou para mim surpreendido e viu que ali estava uma pessoa capaz de perseverar e enfrentar o inimigo, qualidades essências para um bom repórter. Lutei pelo ideal socialista, acabei na prisão, saí e continuei a lutar, sentindo-me o herói da classe operária – até que ouvi os Beatles e decidi que era muito mais divertido gostar de rock que de Marx. Lutei pelo amor da minha primeira mulher, da segunda e da terceira, porque o amor não tinha resistido e eu precisava de seguir em frente, até encontrar a pessoa que tinha sido posta neste mundo para me encontrar – e não era nenhuma das três.
Lutei para ter coragem de deixar o emprego no jornal e lançar-me na aventura de um livro, mesmo sabendo que no meu país não existia ninguém que pudesse viver da literatura. Desisti ao fim de um ano, depois de mais de mil páginas escritas, que pareciam absolutamente geniais porque nem mesmo as conseguia compreender.
Enquanto lutava, via as pessoas falar em nome da liberdade, e enquanto mais defendiam este direito único mais escravas se mostravam dos desejos dos seus pais, de um casamento onde prometiam ficar com o outro “para o resto da vida”, da balança, das dietas, dos projectos interrompidos a meio, dos amores aos quais não se podia dizer “não” ou “basta”, dos fins-de-semana em que eram obrigadas a comer com quem não desejavam. Escravos do luxo, da aparência do luxo, da aparência da aparência do luxo. Escravos de uma vida que não tinham escolhido, mas que tinham decidido viver – porque alguém acabou por convencê-los de que aquilo era melhor para eles. E assim seguiam os seus dias e noites iguais, em que a aventura era uma palavra num livro ou uma imagem na televisão sempre ligada, e, quando qualquer porta se abria, diziam sempre: “ Não me interessa, não tenho vontade”.
Como podiam saber se tinham ou não vontade, se nunca experimentaram? Mas era inútil perguntar: na verdade, tinham medo que de qualquer mudança que viesse sacudir o mundo a que estavam habituados.
O inspector diz estou livre. Livre estou agora, e livre estava dentro da cadeia, porque a liberdade ainda continua a ser a coisa que mais prezo neste mundo. Claro que isso me levou a beber vinhos de que não gostei, a fazer coisas que não devia ter feito e que não voltarei a fazer, a ter muitas cicatrizes no meu corpo e na minha alma, a ferir algumas pessoas – às quais acabei por pedir perdão, na altura em que compreendi que podia fazer tudo, excepto forçar outra pessoa a seguir-me na minha loucura, na minha sede de viver. Não me arrependo dos momentos em que sofri, carrego as minhas cicatrizes como se fossem medalhas, sei que a liberdade tem um preço alto, tão alto quanto a escravidão; a única diferença é que se paga com prazer e com um sorriso, mesmo quando é um sorriso manchado de lágrimas.
Coelho, P. (2005) O Zahír. Lisboa: Pergaminho